Texto meu pessoal, espero que curtam!
Ele acorda, o sol invade o quarto, com potentes feixes em branco brilhante, o dia começou bem. Descendo as escadas, uma mesa farta, ele se delicia imaginando devorando tudo aquilo, La fora o azul ofuscante lapida o firmamento, recordando dias de uma vida memorável. Sentado na varanda a mente infante se ocupa observando tudo, o mar verde que se estende até onde a vista alcança, o pega-pega dos passarinhos tecendo sinfonias na brisa que sopra o cachorro que brinca sua liberdade.
Ele se vê mais uma vez em cenário tão familiar, absorve cada sensação, degusta cada momento, o tempo corre manso junto com seus desejos, o âmago da felicidade é um passeio gostoso ao por sol e um descanso na sombra de um frondoso carvalho, não quer que acabe! Sonhos na palma da mão se misturam em realidade, a sensibilidade e elevada à enésima potência, o raro vira cotidiano.
A manhã dorme e a noite acorda, o brilho prateado da lua paira imutável nos confins, acompanhada de respingos estelares alegrando a escuridão, ele se afoga nas palavras de um bom livro, dialoga com os grandes antes dele. O sono pede permissão para entrar, assim como se fosse para um bom amigo a permissão é concedida e os olhos se fecham.
Ele acorda mais uma vez, os pensamentos estão distantes, o papelão não disfarça a dureza do chão frio da calçada, pessoas se movendo na rapidez de um pulsar não o notam, não querem notar, o dia assume tons de cinza, devorando as cores pintadas, uma aquarela monocromática que esmaga sensações. Está na hora de trabalhar, está na hora dos malabares no semáforo, as buzinas aplaudem, não param de tocar, opa! Não eram aplausos, a luz ficou verde, sentado na beira do canal ele espera o piscar de olhos trazerem o fim de mais um dia.
A metrópole dorme, ele não, ainda não achou o lugar certo, embaixo do viaduto é a saída, precisa dividir com outros, mas não tem problema, não é a primeira vez. O sono não chega, em devaneios ele se pergunta: o que aconteceu com a minha realidade? Estou sonhando com certeza. Essa é a resposta que o convence, é seu escape, ele espera acordar novamente, ele não distingui mais, está perdendo a razão, porém prefere assim, prefere a insanidade, assim é melhor, alimenta a imaginação, traz de volta o sol, o céu azul, o carvalho, a grama, os pássaros o cachorro, a lua, as estrelas.
Traz de volta... A esperança.
Victor Silva